terça-feira, 21 de março de 2017

Retrospectiva Parte II

Como a vida de uma criança pode mudar, por muito tempo não aceitei a morte da minha mãe. Sentia a sua falta, por vezes pensei escutar a sua voz. É difícil pensar sobre isso depois de tantos anos! Hoje é menos doloroso isso, com o passar dos anos você dá lugar a tristeza para a saudade e depois somente para a lembrança.
Não estou dizendo que não amo a minha mãe, mas sim que com o passar dos anos você se acostuma com a saudade e ela vira sua amiga.
Meus primeiros anos de estadia na casa da minha tia foram bons até certo ponto, um menino de 9 anos sendo criado em uma casa sem nenhuma influencia masculina viria mais a frente trazer consequências.
Porém a princípio a única consequência foi o ciúmes excessivo da minha prima que até então era a caçula, cedendo assim seu lugar a mim.
Depois de algum tempo ela começou a me bater e morder porque eu não fazia o que ela mandava. Para uma criança que nunca tinha ficado ao menos de castigo ou até mesmo apanhado era estranho e eu não sabia o que fazer, porque de certa forma eu entendia que havia deposto ela do seu lugar de caçula e os caçulas em geral são mais mimados. Com o tempo a frustração dela foi transferida para os namorados (Graças a Deus) e passamos a nos entender melhor.
Me vem a memória que ela me fazia escrever cartas de amor pra ela (que ela mesmo havia escrito) para causar ciumes ao namorado ( coisa de louco).
Essa época foi de altos e baixos, uns me enxergavam como coitado do órfão, que perdeu a mãe tão cedo.
Na verdade me pergunto até hoje se este seria realmente o desejo da minha mãe, se ela estaria satisfeita com todo o desfecho da situação.

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